O arquiteto Oscar Niemeyer, de 104
anos, morreu no Rio às 21h55 desta quarta-feira (5). Ele estava
internado desde 2 de novembro no Hospital Samaritano, em Botafogo, na
Zona Sul. Reconhecido internacionalmente por suas obras, Niemeyer
completaria 105 anos em 15 de dezembro.
Ainda segundo o hospital, Niemeyer
respirava com a ajuda de aparelhos e encontrava-se sedado por causa
de uma infecção respiratória.
Visita
à Passarela do Samba
Em fevereiro, Niemeyer fez uma
visita ao Sambódromo, durante a fase final das obras de reforma da
Passarela do Samba que mantiveram o traçado original que o arquiteto
projetou há 30 anos. Ele enfrentou o sol forte de meio-dia e
percorreu num carrinho aberto toda a extensão da Avenida.
"Está muito bom. Melhorou
muito. Este não é um trabalho só meu, é o trabalho de um grupo.
Estou entusiasmado", disse Niemeyer, na ocasião.
O projeto de Niemeyer previa um
equilíbrio entre os dois lados da Sapucaí, como se fosse um
espelho. Com a obra, a Sapucaí passou a ter 12.500 lugares a mais,
podendo acomodar 72.500 pessoas.
Trabalho
em ateliê para festejar 104 anos
Autor de mais de 600 projetos arquitetônicos, Niemeyer decidiu festejar os seus 104 anos do jeito que mais gostava: trabalhando em seu ateliê de janelas amplas diante da Praia de Copacabana, na Zona Sul do Rio.
Em agosto de 2011, ele lançou o
livro "As igrejas de Oscar Niemeyer" (Editora Nosso
Caminho), na galeria de um shopping da Zona Sul do Rio.
Embora ateu convicto, o arquiteto
selecionou fotos e desenhos das 16 obras religiosas, entre capelas e
igrejas, que realizou ao longo de sua carreira.
"As pessoas se espantam pelo
fato de, mesmo sendo comunista, me interessar pelas igrejas. E a
coisa é tão natural. Eu morava com meus avós, que eram religiosos.
Tinha até missa na minha casa. E eu fui criado num clima assim. Esse
passado junto da família me deixou com a ideia de que os católicos
são bons, que querem melhorar a vida e fazer um mundo melhor",
explicou Niemeyer, na ocasião.
Histórico
de internações
O
arquiteto foi internado várias vezes ao longo dos últimos anos. A
última foi em 2 de novembro, quando voltou ao Samaritano, seis dias
depois de ter recebido alta. Desta vez, Niemeyer foi submetido a
tratamento de hemodiálise e fisioterapia respiratória.
No dia 13 de outubro, o arquiteto
deu entrada no Hospital Samaritano após sentir-se mal, apresentando
um quadro de desidratação. Ele ficou internado por duas semanas.
Em maio, Niemeyer também esteve
internado no mesmo hospital, quando deu entrada com desidratação e
pneumonia. Depois de 16 dias, com passagem pela UTI, recebeu alta.
Em abril de 2011, o arquiteto
ficou internado por 12 dias por causa de uma infecção urinária.
Também já foi submetido a cirurgias para a retirada da vesícula e
de um tumor no intestino.
Em 2010, Niemeyer também foi
internado em abril, devido a uma infecção urinária.
Em 2009, o arquiteto ficou
internado por 24 dias no Samaritano, entre setembro e outubro, após
dores abdominais. Ele chegou a passar por uma cirurgia para retirar
um tumor no intestino grosso, uma semana depois de ter sido operado
para a retirada de um cálculo na vesícula.
Em junho do mesmo ano, o arquiteto
foi internado no hospital Cardiotrauma de Ipanema, também na Zona
Sul, queixando-se de dores lombares. Ele passou por uma bateria de
exames e recebeu alta médica algumas horas depois. Na ocasião,
exames de sangue e uma tomografia indicaram que Niemeyer estava
apenas com uma lombalgia.
Em 2006, o arquiteto chegou a
ficar 11 dias internado, após sofrer uma queda e passar por uma
cirurgia.
Filha
do arquiteto morreu em junho
A
designer Anna Maria Niemeyer, única filha de Oscar Niemeyer, morreu
aos 82 anos, em consequência de um enfisema pulmonar, em 6 de junho.
Segundo o administrador Carlos
Oscar Niemeyer, filho de Anna, o avô esteve pela última vez com sua
mãe, três dias antes, durante uma visita ao Hospital Samaritano,
onde Anna Maria ficou mais de 40 dias internada.
Ainda de acordo com Carlos Oscar,
durante o tratamento, Anna chegou a receber alta, mas voltou a ser
internada no dia 1º de junho. Ela teve cinco filhos,13 netos e
quatro bisnetos.
Carlos Oscar contou que sua mãe e
o avô eram muito próximos e costumavam se falar todos os dias. Ele
disse que Niemeyer ficou muito abalado ao receber a notícia da morte
da única filha.
"O pai receber a notícia da
morte de um filho é uma coisa extremamente difícil, imagina para um
pai de 104 anos, a situação é ainda mais complicada",
comentou Carlos, durante o sepultamento de Anna Maria Niemeyer.
Oscar Niemeyer manifestou vontade
de ir ao enterro da filha no Cemitério São João Batista, em
Botafogo. Mas, de acordo com os parentes, ele não compareceu após
os médicos avaliarem que as condições de saúde do arquiteto não
eram favoráveis.