Fernando Tavares Sabino, filho do procurador de partes
e representante comercial Domingos Sabino, e de D. Odete Tavares Sabino, nasceu
a 12 de outubro de 1923, Dia da Criança, em Belo Horizonte.
Em 1930, após aprender a ler com a
mãe, ingressa no curso primário do Grupo Escolar Afonso Pena, tendo como colega
Hélio Pellegrino, que já era seu amigo dos tempos do Jardim da Infância.
Torna-se leitor compulsivo, de tal forma que mais de uma vez chega em casa com
um galo na testa, por haver dado com a cabeça num poste ao caminhar de livro
aberto diante dos olhos. Desde cedo revela sua inclinação para a música, ouvindo
atentamente sua irmã e o pai ao piano.
Em 1934, entra para o escotismo, onde
permanece até os 14 anos. Disse ele em sua crônica "Uma vez
escoteiro":
"Levei seis anos de minha infância com um lenço
enrolado no pescoço, flor-de-lis na lapela e pureza no coração, para descobrir
que não passava de um candidato à solidão. Alguma coisa ficou, é verdade: a
certeza de que posso a qualquer momento arrumar a minha mochila, encher de água
o meu cantil e partir. Afinal de contas aprendi mesmo a seguir uma trilha, a
estar sempre alerta, a ser sozinho, fui escoteiro — e uma vez escoteiro, sempre
escoteiro".
Com 12 anos incompletos, em 1935,
torna-se locutor do programa infantil "Gurilândia" da Rádio Guarani de
Belo Horizonte. Freqüenta o Curso de Admissão de D. Benvinda de Carvalho
Azevedo, no qual adquire conhecimentos de gramática que lhe serão muito úteis no
futuro em sua profissão.
Ingressa no curso secundário do
Ginásio Mineiro, onde demonstra grande interesse pelo estudo de Português. Suas
primeiras tentativas literárias sofrem influências dos livros de aventuras que
vive lendo, principalmente Winnetou, de Karl May, e dos romances
policiais de Edgar Wallace, Sax Rohmer e Conan Doyle, entre outros. Nessa época,
por iniciativa do irmão Gerson, tem seu primeiro conto policial estampado na
revista "Argus", órgão da Secretaria de Segurança de Minas Gerais.
Passada a primeira emoção vem o desapontamento: o nome do autor, na revista,
consta como sendo Fernando Tavares "Sobrinho".
Em 1938, ajuda a fundar um
jornalzinho chamado "A Inúbia" (mesmo sem saber exatamente o que isso vem
significar) no Ginásio Mineiro. Ao final do curso, embora desatento, "levado" e
irrequieto, conquista a medalha de ouro como o primeiro aluno da turma. Começa a
colaborar regularmente com artigos, crônicas e contos nas revistas
"Alterosas" e "Belo Horizonte". Participa de concursos de crônicas
sobre rádio e de contos, obtendo seguidos prêmios.
Nadador, em 1939, bate vários
recordes em sua especialidade: o nado de costas. Compete e ganha inúmeras
medalhas em campeonatos nas cidades de Uberlândia, São Paulo e Rio de Janeiro.
Participa da Maratona Nacional de Português e Gramática Histórica, empatando com
Hélio Pellegrino no segundo lugar em Minas Gerais e em todo o Brasil. Viajam
juntos ao Rio para receber em sessão solene o prêmio das mãos do mineiro Gustavo
Capanema, então Ministro da Educação.
Aprende taquigrafia, em 1940, para
escrever mais depressa. Começa a ler, com grande obstinação, os clássicos
portugueses a partir dos quinhentistas Gil Vicente e João de Barros, entre
outros, até os romancistas como Alexandre Herculano, Almeida Garrett e Camilo
Castelo Branco. Antes de chegar a Eça de Queiroz e a Machado de Assis, aos 17
anos, está decidido a ser gramático. Escreve um artigo de crítica sobre o
dicionário de Laudelino Freire, que tem o orgulho de ver estampado no jornal de
letras "Mensagem", graças ao diretor Guilhermino César, escritor mineiro
que se torna amigo de Fernando Sabino e seu grande incentivador. João
Etienne Filho, secretário de "O Diário", órgão católico, é outro a
estimulá-lo no início de sua carreira. Nele publica artigos literários,
juntamente com Otto Lara Resende, Paulo Mendes Campos e Hélio Pellegrino,
formando com eles um grupo de amigos para sempre.
No período de 1941 a 1944 presta
serviço militar na Arma de Cavalaria do CPOR. Inicia o curso superior na
Faculdade de Direito. Convive com escritores e, por indicação de seu amigo
Murilo Rubião, ingressa no jornalismo como redator da "Folha de
Minas". Orientado por Marques Rebelo, reúne seus primeiros contos no livro
"Os Grilos não Cantam Mais", publicado no Rio de Janeiro à sua própria
custa. Bem recebido pela crítica, lhe vale principalmente pela carta recebida de
Mário de Andrade, a partir da qual inicia com ele uma correspondência das mais
preciosas para a sua carreira de escritor. (veja em Lições do Mestre). Colabora no jornal
literário do Rio "Dom Casmurro", revista "Vamos Ler" e "Anuário
Brasileiro de Literatura".
Em 1942, é admitido como funcionário
da Secretaria de Finanças de Minas Gerais e dá aulas, nas horas vagas, de
Português no Instituto Padre Machado. Conhece pessoalmente o poeta Carlos
Drummond de Andrade, dele se tornando amigo através de correspondência e, mais
tarde, no Rio, de convivência.
No ano seguinte é nomeado oficial de
gabinete do secretário de Agricultura. Faz estágio de três meses como aspirante
no Quartel de Cavalaria de Juiz de Fora, período que serviria de inspiração para
hilariantes episódios no livro "O Grande Mentecapto". Inicia uma
colaboração regular para o jornal "Correio da Manhã", do Rio e conhece
seu futuro amigo Vinicius de Moraes. Prepara sua mudança para o Rio de Janeiro.
Publica o ensaio "Eça de Queiroz em face do cristianismo" na revista
"Clima", de São Paulo (SP).
Integra, em 1944, a equipe mineira na
Olimpíada Universitária de São Paulo, como pretexto para conhecer pessoalmente
Mário de Andrade. Lêem, em voz alta, os originais da novela "A Marca",
que é publicada em seguida pela José Olympio Editora. Muda-se para o Rio,
assumindo o cargo de Oficial do Registro de Interdições e tutelas da Justiça do
Distrito Federal. Convive com Rubem Braga, Vinicius de Moraes, Carlos Lacerda,
Di Cavalcanti, Moacyr Werneck de Castro, Manuel Bandeira e Augusto Frederico
Schmidt, entre outros.
Participa da delegação mineira no
Congresso Brasileiro de Escritores em São Paulo, no ano de 1945, onde, durante a
sessão plenária de encerramento, em desafio à polícia ali presente, sugere ao
publico que seja lida a Moção de Princípios proclamada pelo Congresso, exigindo
do ditador Getúlio Vargas a abolição da censura e a restauração do regime
democrático no Brasil, com convocação de eleições diretas. Conhece Clarice
Lispector, dando início a uma intensa amizade.
No ano seguinte forma-se
em Direito e licencia-se do cargo que exerce na Justiça, embarcando com Vinícius
de Moraes para os Estados Unidos. Passa a residir em Nova York, trabalhando no
Escritório Comercial do Brasil e, posteriormente, no Consulado Brasileiro.
Começa a escrever o romance "O Grande Mentecapto", que só viria retomar
33 anos depois. Colabora com o jornal "Diário de Notícias", do
Rio.
Em 1947, envia crônicas de Nova York
para serem publicadas aos domingos nos jornais "Diário Carioca" e "O
Jornal", do Rio, que são transcritas por diversos jornais do resto do
país. Começa a escrever "Ponto de Partida" (romance), e outro,
"Movimentos Simulados", os quais não chega a concluir mas que serão
aproveitados em "Encontro Marcado". Realiza uma série de entrevistas com
Salvador Dali e faz reportagem sobre Lazar Segal.
Volta ao Brasil em 1948, a bordo de
um navio cargueiro que se incendeia em meio a uma tempestade, a caminho de
Bermudas. No Rio, é transferido para o cargo de escrivão da Vara de Órfãos e
Sucessões. Crônica semanal no Suplemento Literário de "O
Jornal".
Em 1949, escreve crônicas e artigos
para diversos jornais brasileiros. Em 1950, reúne várias delas sobre sua
experiência americana no livro "A Cidade Vazia".
Publicação em tiragem limitada do
livro "A Vida Real", em 1952, composto de novelas sob a inspiração de
"emoções vividas durante o sono". Escreve, sob o pseudônimo de Pedro
Garcia de Toledo, diariamente, "O Destino de Cada Um", nota policial no
jornal "Diário Carioca". Escreve crônicas com o título geral
"Aventuras do Cotidiano", no "Comício", "semanário independente"
fundado e dirigido por Joel Silveira, Rafael Correia de Oliveira e Rubem
Braga. Colaboração com a revista "Manchete" a partir do primeiro número,
que se prolongará por 15 anos, a princípio sob o título "Damas e
Cavalheiros", posteriormente "Sala de Espera" e "Aventuras do
Cotidiano".
Em 1954 faz campanha política no
Recife e em Fortaleza, a convite de Carlos Lacerda. Lança tradução do dicionário
de Gustave Falubert. Viaja pelo sul do Brasil em companhia de Millôr
Fernandes. Em companhia de Otto Lara Resende, então diretor da
"Manchete", antecipa em entrevista pessoal e exclusiva o lançamento da
candidatura do General Juarez Távora à Presidência da República.
Juscelino Kubitscheck, governador de
Minas Gerais, também candidato à Presidência, o convida para jantar no Palácio
Mangabeiras, em 1955. Decepcionado com a conversa, assume no "Diário
Carioca" a cobertura da agitada campanha de Juarez Távora. Viaja por todo o
país — mais de 150 cidades — em companhia do mineiro Milton Campos, candidato a
vice.
Em 1956, publica o romance "O
Encontro Marcado", um grande sucesso de crítica e de público, com uma média
de duas edições anuais no Brasil e várias no exterior, além de adaptações
teatrais no Rio e em São Paulo.
É exonerado, a pedido, em 1957, do
cargo de escrivão, passando a viver exclusivamente de sua produção intelectual
como escritor e jornalista. Passa a escrever crônica diária para o "Jornal
do Brasil" e mensal para a revista "Senhor".
O relato da viagem à Europa, feita
pela primeira vez por Fernando Sabino em 1959 está no livro "De Cabeça
para Baixo". Comparece ao lançamento de "O Encontro Marcado" em
Lisboa, Portugal. Visita vários países, remetendo crônicas diárias para o
"Jornal do Brasil", semanais para "Manchete" e mensais para a
revista "Senhor", perfazendo um total de 96 crônicas em 90 dias de
viagem.
Até o ano de 1964, depois de sua
volta ao Rio, dedica-se à produção de dezenas de roteiros e textos de filmes
documentários para diversas empresas.
Em 1960 faz viagem a Cuba, como
correspondente do "Jornal do Brasil", na comitiva de Jânio Quadros,
eleito Presidente da República e ainda não empossado. Faz reportagem sobre a
revolução cubana, "A Revolução dos Jovens Iluminados", constante do livro
com que inaugura a Editora do Autor, fundada por ele em sociedade com Rubem
Braga e Walter Acosta, ocasião em que também são lançados "Furacão sobre
Cuba", de Jean-Paul Sartre (presente ao acontecimento com sua mulher Simone
de Beauvoir); "Ai de ti, Copacabana", de Rubem Braga; "O Cego de
Ipanema", de Paulo Mendes Campos e "Antologia Poética", de Manuel
Bandeira. Fernando Sabino lança o livro "O Homem Nu" pela nova
editora.
Em 1962 publica "A Mulher do
Vizinho", que recebe o Prêmio Cinaglia do Pen Club do Brasil. Seu livro
"O Encontro Marcado" é publicado na Alemanha. Escreve o argumento,
roteiro e diálogos do filme dirigido por Roberto Santos "O Homem Nu",
tendo Paulo José no papel principal. Posteriormente, a história é novamente
filmada, com o ator Cláudio Marzo no papel principal.
No programa "Quadrante", da Rádio
Ministério da Educação, em 1963, Paulo Autran lia crônicas semanais de
Sabino e de Carlos Drummond de Andrade, Manuel Bandeira, Dinah Silveira
de Queiroz, Cecília Meireles, Paulo Mendes Campos e Rubem Braga. Uma seleção
dessas crônicas foi publicada pela Editora do Autor em dois
volumes:"Quadrante 1" e "Quadrante 2". Como os demais
colaboradores de órgãos oficiais, é automaticamente efetivado no cargo de
redator do Serviço Público, da Biblioteca Nacional e mais tarde da Agência
Nacional, cabendo-lhe a elaboração de textos para filmes de curta metragem. Seu
livro "O Encontro Marcado" é editado na Espanha e na Holanda.
É contratado, em 1964, durante o
governo João Goulart, para exercer as funções de Adido Cultural junto à
Embaixada do Brasil em Londres. Continua mandando seus relatos para o "Jornal
do Brasil", "Manchete" e revista "Cláudia". Faz a leitura
semanal de uma crônica na BBC de Londres em programa especial para o
Brasil.
Em 1965 fica a seu encargo de compor
a delegação britânica que participará no Festival Internacional de Cinema no Rio
de Janeiro. Comparecem os diretores Alexander Mackendrick, Fritz Lang e Roman
Polanski. Representa o Brasil no Festival Internacional de Cinema, em Edimburgo,
na Escócia, e no Congresso Internacional de Literatura do Pen club em Bled, na
Iugoslávia, onde reencontra Pablo Neruda.
Faz a cobertura, em 1966, da Copa do
Mundo de Futebol para o "Jornal do Brasil". Desfaz a sociedade na Editora
do Autor e, com Rubem Braga, funda a Editora Sabiá.
A Sabiá inicia sua carreira de grande
sucesso, em 1967, lançando — além dos de seus proprietários — livros de Vinicius
de Moraes, Paulo Mendes Campos, Otto Lara Resende, Carlos Drummond de Andrade,
Manuel Bandeira, Augusto Frederico Schmidt, Jorge de Lima, Cecília Meireles,
Dante Milano, Rachel de Queiroz, João Cabral de Melo Neto, Autran Dourado,
Dalton Trevisan, Clarice Lispector, Murilo Mendes, Stanislaw Ponte Preta — e a
série "Antologia Poética" dos maiores poetas contemporâneos, não só
brasileiros como, também, dos sul-americanos Pablo Neruda e Jorge Luiz
Borges. Edita romances de grande sucesso internacional como "Boquinhas
Pintadas", de Manuel Puig, "O Belo Antônio", de Vitaliano Brancati,
"A Casa Verde", de Mario Vargas Llosa, e toda a obra do Prêmio Nobel
Gabriel García Márquez, a partir do famoso "Cem Anos de Solidão". Seu
livro "O Encontro Marcado" é lançado na Inglaterra. Publica o artigo
"Minas e as Cidades do Ouro" pela revista "Quatro
Rodas".
No anos seguinte "O Encontro
Marcado" é lançado na Inglaterra em pocket-book. No dia 13 de
dezembro a Editora Sabiá programou uma festa no Museu de Arte Moderna, no Rio,
com o lançamento de vários livros, entre os quais: "Revolução dentro da
Paz", de Dom Hélder Câmara; "Roda Viva", de Chico Buarque de Holanda;
"O Cristo do Povo", de Márcio Moreira Alves e, fechando com chave de
ouro, "Nossa luta em Sierra Maestra", de Che Guevara. Nesse dia é editado
o Ato Institucional que oficializa a ditadura militar e, como não poderia deixar
de ser, a festa não se realiza.
Sabino segue para Lisboa,
Roma, Paris, Berlim, Londres e Nova York, em 1969, como enviado especial do
"Jornal do Brasil", para uma série de reportagens sobre "O que está
acontecendo nas maiores cidades do mundo ocidental". Publica, pela Sabiá, um
livro de literatura infantil: "Evangelho das Crianças", escrito com a
colaboração de Marco Aurélio Matos.
A convite do governo alemão, em 1971,
volta à Europa. Realiza reportagem sob o título "Ballet de Márcia Haydée em
Stutgart" para a revista "Manchete". De volta ao Brasil realiza um
super-8 curta-metragem sobre Rubem Braga, "O Dia de Braga", exibido pela
TV Globo e que lhe servirá de modelo para os futuros documentários em 35 mm
sobre escritores brasileiros.
Em 1972, vende a Sabiá para a José
Olympio. Viaja para Los Angeles, onde produz e dirige com David Neves, para a TV
Globo, uma série de oito mini-documentários sobre Hollywood, "Crônicas ao
Vivo". Entrevista Alfred Hitchcock e Broderick Crawford. Escreve três
reportagens para a "Realidade".
Com David Neves, no ano seguinte,
funda a Bem-Te-Vi Filmes Ltda. Filma "A Ponte da Amizade", documentário
rodado em Assunção - Paraguai, para o Departamento Comercial do Itamaraty,
registrando a participação do Brasil na Feira Internacional de Indústria e
Comércio. Realiza uma série de documentários cinematográficos "Literatura
Nacional Contemporânea", sobre dez escritores brasileiros: Érico Veríssimo,
Carlos Drummond de Andrade, Vinicius de Moraes, João Cabral de Melo Neto, Manuel
Bandeira, Jorge Amado, João Guimarães Rosa, Pedro Nava, José Américo de Almeida
e Afonso Arinos de Melo Franco.
Em 1974, viaja a Buenos Aires, de
onde escreve crônicas para o "Jornal do Brasil". Em 1975, vai ao Oriente
Médio, com David Neves e Mair Tavares, onde produz e dirige o filme "Num
Mercado Persa", documentário sobre a participação do Brasil na Feira
Internacional de Indústria e Comércio, em Teerã. Publica "Gente I" e
"Gente II", com crônicas, reminiscências e entrevistas de personalidades
de destaques nas letras, nas artes, na música e no esporte.
1976, entre viagens a Buenos Aires,
cidade do México, Los Angeles, marca o lançamento do livro "Deixa o Alfredo
Falar!". Participa da Feira do Livro de Buenos Aires. Após 16 anos de
colaboração, deixa o "Jornal do Brasil".
Inicia, em 1977, a publicação de
crônica semanal sob o título de "Dito e Feito" no jornal "O
Globo". Sua colaboração se prolongará por 12 anos sem qualquer interrupção e
era reproduzida no "Diário de Lisboa" e em oitenta jornais no
Brasil. Viagem a Manaus, da qual resulta no livro "Encontro das
Águas". Com Carlos Drummond de Andrade, Paulo Mendes Campos e Rubem Braga,
integra a série "Para Gostar de Ler".
Vai à Argélia, em 1978, realizar
filme sobre Argel e a participação brasileira na Feira Internacional de
Indústria e Comércio, intitulado "Sob Duas Bandeiras". Como em todas as
viagens que realiza ao exterior, envia crônicas para o jornal "O
Globo".
Em 1979, retoma e acaba em dezoito
dias de trabalho ininterrupto o romance "O Grande Mentecapto", que havia
iniciado há 33 anos, um sucesso literário. O livro servirá de argumento para o
filme com o mesmo nome, dirigido por Oswaldo Caldeira e com Diogo Vilela no
papel principal. É adaptado para o teatro em Minas e São Paulo.
Publica "A Falta Que Ela Me
Faz". Recebe o Prêmio Jabuti pelo romance "O Grande
Mentecapto". Filma a participação do Brasil na Feira Internacional de
Indústria e Comércio em Hannover, em 1980.
Recebe o Prêmio Golfinho de Ouro na
categoria de Literatura, concedido pelos Conselhos Estaduais de Educação e
Cultura do Rio de Janeiro. Realiza viagens ao Peru e aos Estados Unidos, e dois
documentários em vídeo sobre a Bolsa de Valores do Rio de Janeiro, em
1981.
Em 1982, lança o romance "O Menino
no Espelho", ilustrado por Carlos Scliar, que passa a ser adotado em
inúmeros colégios do país. Percorre várias cidades brasileiras, participando do
projeto Encontro Marcado, ciclo de palestras de escritores nas universidades
provido pela IBM.
Lança o livro "O Gato Sou Eu",
em 1983.
Publica os livros "Macacos Me
Mordam", conto em edição infantil, com ilustrações de Apon e "A Vitória
da Infância", seleção de contos e crônicas sobre crianças, em 1984. Seu
livro "O Grande Mentecapto" é lançado em Lisboa.
"A Faca de Dois Gumes" é seu
novo livro, em 1985. Uma das novelas é adaptada para o cinema, com o mesmo
título, dirigida por Murilo Sales. Escreve uma peça teatral, baseada em
"Martini Seco", encenada no Rio de Janeiro. É condecorado com a Ordem do
Rio Branco no grau de Grã-Cruz pelo governo brasileiro. Publica, no "New York
Times", o artigo "The Gold Cities of Minas Gerais".
Em 1986, realiza inúmeras viagens:
Londres, Tókio, Hong-Kong, Macau e Singapura. Escreve "Belo Horizonte de
todos os tempos" para o Banco Francês-Brasileiro.
Publica "O Pintor que Pintou o
Sete", história infantil, a novela "Martini Seco" em edição
para-didática, e três seleções: "As Melhores Histórias", "As Melhores
Crônicas" e "Os Melhores Contos", em 1987.
É lançado "O Tabuleiro das
Damas", um esboço de autobiografia, em 1988. Escreve suas últimas crônicas
para "O Globo", do qual se despede no final do ano.
Em 1989 o filme "O Grande
Mentecapto" é premiado no Festival Internacional de Gramado. Novas viagens
pelo mundo e o lançamento do livro "De Cabeça Para Baixo", reportagens
literárias e jornalísticas sobre as suas viagens pelo mundo de 1959 a
1986.
No ano seguinte esse filme é exibido
no Festival Internacional de Cinema em Washington D.C., e recebe um
prêmio. Lança o livro "A Volta Por Cima".
Em 1991, lança o livro "Zélia, Uma
Paixão", biografia autorizada de Zélia Cardoso de Mello, Ministra da Fazenda
no governo Collor, com tratamento literário. Os escândalos em sua vida privada e
sua saída do governo foram motivo de grande repercussão entre os brasileiros,
criando clima hostil ao escritor. Por ironia do destino, nesse mesmo ano sua
novela "O Bom Ladrão", do livro "A Faca de Dois Gumes", é lançada em
edição extra como brinde ao dicionário de Celso Luft, com tiragem recorde de
500.000 exemplares.
Viaja ao Chile, em 1992, para
preparar a edição de "Zélia, Uma Paixão" em castelhano. Edição
paradidática de " O Bom Ladrão".
Lança, em 1993, "Aqui Estamos
Todos Nus", uma trilogia de novelas "de ação, fuga e suspense".
No ano seguinte lança o livro "Com
a Graça de Deus", "uma leitura fiel do Evangelho inspirada no humor de
Jesus".
Em 1995, a Editora Ática relança a
seleção, revista e aumentada, de "A Vitória da Infância", com a qual
Fernando Sabino reafirma sua determinação ao longo da vida inteira de
preservar a criança dentro de si. Ou, como ele mesmo escreveu: "Quando eu era
menino, os mais velhos perguntavam: o que você quer ser quando crescer? Hoje não
perguntam mais. Se perguntassem, eu diria que quero ser menino".O
autor faleceu dia 11 de outubro de 2004 na cidade do Rio de Janeiro. A seu
pedido, seu epitáfio é o seguinte: "Aqui jaz Fernando Sabino, que nasceu
homem e morreu menino".
Em 2006, é lançada a 82ª edição de "O
encontro marcado".
BIBLIOGRAFIA:
- Os grilos não cantam mais,
contos, Pongetti, 1941
- A marca, novela, José Olympio,
1944
- A cidade vazia, crônicas e histórias de Nova York, O
Cruzeiro, 1950
- A vida real, novelas, Editora A Noite,
1952
- Lugares-comuns, dicionário, MEC - Cadernos de Cultura,
1952
- O encontro marcado, romance, Civilização Brasileira,
1956
- O homem nu, contos e crônicas, Editora do Autor,
1960
- A mulher do vizinho, crônicas, Editora do Autor,
1962
- A companheira de viagem, crônicas,Editora do Autor
1965
- A inglesa deslumbrada,crônicas e histórias da Inglaterra
e do Brasil, Ed Sabiá/1967
- Gente, crônicas e reminiscências,
Record, 1975
- Deixa o Alfredo falar!, crônicas e histórias,
Record, 1976
- O encontro das águas, crônica irreverente de uma
cidade tropical,Editora Record/1977
- O grande mentecapto,
romance, Record, 1979
- A falta que ela me faz, contos e
crônicas, Record, 1980
- O menino no espelho, romance, Record,
1982
- O gato sou eu, contos e crônicas, Record, 1983
-
Macacos me mordam, conto em edição infantil, Record, 1984
-
A vitória da infância, crônicas e histórias, Editora Nacional,
1984
- A faca de dois gumes, novelas, Record, 1985
-
O pintor que pintou o sete, história infantil, Berlendis
& Vertecchia,1987
- Os melhores contos, seleção, Record,
1987
- As melhores histórias, seleção, Record, 1987
-
As melhores crônicas, seleção, Record, 1987
- Martini
seco, novela, Ática, 1987
- O tabuleiro das damas, esboço
de autobiografia, Record, 1988
- De cabeça para baixo, relato de
viagens, Record, 1989
- A volta por cima, crônicas e histórias
curtas, Record, 1990
- Zélia, uma paixão, romance-biografia,
Record, 1991
- O bom ladrão, novela, Ática, 1992
-
Aqui estamos todos nus, novela, Record, 1993
- Os restos
mortais, novela, Ática, 1993
- A nudez da verdade, novela,
Ática, 1994
- Com a graça de Deus, leitura fiel do Evangelho,
Record, 1995
- O outro gume da faca, novela, Ática,
1996
- Obra reunida - 3 volumes, Nova Aguilar, 1996
-
Um corpo de mulher, novela, Ática, 1997
- O homem
feito, novela, Ática, 1998
- Amor de Capitu, recriação
literária, Ática, 1998
- No fim dá certo, crônicas e histórias,
Record, 1998
- A Chave do Enigma, crônicas, Record, 1999
-
O Galo Músico, crônicas, Record, 1999
- Cara ou Coroa?
(júnior), crônicas, Ática, 2000
- Duas Novelas de Amor,
novelas, Ática, 2000
- Livro aberto - Páginas soltas ao
longo do tempo, crônicas, Record, 2001
- Cartas perto do
coração, correspondência com Clarice Lispector, Record, 2001.
-
Cartas na mesa, correspondência com Paulo Mendes Campos, Otto Lara
Resende e Hélio Pellegrino, Record, 2002.
- Os caçadores de mentira,
história infantil, Rocco, 2003.
- Os movimentos simulados,
romance, Record, 2004.
PRÊMIO:- Em julho de 1999 recebeu
da Academia Brasileira de Letras o maior prêmio literário do Brasil,
"Machado de Assis", pelo conjunto de sua obra.
O valor do prêmio, R$40.000,00, foi
doado pelo autor a instituições destinadas a crianças carentes. O desembargador
Alyrio Cavallieri, ex-juiz de menores, revelou que em 1992, todos os direitos
recebidos pelo autor do polêmico livro "Zélia, uma paixão" também foram
distribuídos a crianças pobres.